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Palavras Explosivas


Texto Sonoro do espetáculo In-Digestão / 2002


     no cardápio de todo dia a matinal deglutição do strudel com prego/ferro salivado, a geleia roxa no pannis de amalgama esbranquiçado, o café preto na xícara de lata e o que é interessante a bucólica convicção filosófica de que
Quem come gilete.....repete
mas infelizmente a minha dispepsia não digere nem isso nem o bolo de ovos gasosos acompanhados de torta de lagosta de água doce congelada servida no almoço com nuvens de brócolos ácidos cheirando a thiner vaporizado e no jantar recosidos em caldo ferruginoso temperado com pimenta malagueta de quintal colhida fora do tempo
(ai!..... que absurdo!)
enquanto as panelas tampadas chiam cosendo velhos galos de briga quase mortos em antigos combates as feridas ainda por cicatrizar meu líquido suco gástrico reage, fundindo-se à pólvora seca depositada nas minhas fossas nasais meio entupidas , e sucumbe diante do arsenal de armas brancas impotentes tão insossas quanto a falsa guacamole feita de beringelas verdes também colhidas fora do tempo
(mas..... isso é um absurdo!!!)
em revanche posiciono-me ferozmente em defesa de uma legal declaração de guerra armada contra a placidez de minhas verdes enzimas pálidas, estagnadas e acirra o ferrenho combates à vacas magras, aos bezerros mal desmamados e carneiros tosquiados na véspera de Natal sabendo ser este um dia tão importante em nossas vidas
(mas.... gente, ... isso é uma absurdo!!!)
diante disso eu oro suplicante

pela dignidade do pão ázimo de todo o dia
oro, por um suculento bife à cavalo – de- rodeio
com papas e trufas gordas estufadas
oro por um omelete perfeito feito de ovos estrelados
oro por um churrasco de carne de gado vegetariano radicalmente ortodoxo
oro por um prato de carne de sol
amaciado com polvilho Marinêz
oro também por um copo de água fresca colhida
da “ Fonte da Donzela” de Bergman
enquanto torto aguardo impaciente o deságüe do meu quimo semilíquido enovelado no abdome , e ali paralisado já por um bom par de anos
como uma voluptuosas meada fétida crocante
sempre quase prestes a se desfazer
em sonora explosão atômica via anal!